Um amigo tem uma interessante formulação para
o vício da cocaína: convencionou que nosso entusiasmo com a vida vai de 0 a 100.
Normalmente, uma pessoa está no nível 80. Quando ainda iniciante, com uma
pequena dose do “pó” consegue 110 de empolgação e quando passa o efeito da
droga ele ainda fica no normal. Porém, dependendo da intensidade do consumo e na
continuidade, o usuário com a mesma dose já não alcança a animação máxima e na
ressaca baixa o nível para menos. Quanto mais se aumenta a dosagem para
conseguir aquela satisfação antiga, o
nível de felicidade diminui na
abstinência. A decadência física e moral são, na maioria dos casos,
irreversíveis. Quando o grau está na
casa dos 20, o viciado não toma nem banho. No último estágio do vício, a
cocaína já não faz quase efeito. E na
procura de alcançar alguma sensação, a
dosagem é aumentada sem se importar com risco de vida. Outro amigo que foi protagonista
do drama, hoje abstêmio, me contou que
durante essa fase final, o único alívio era o desespero verbal e ao meio de um
desvairado choro ele gritava: “mãe! Por favor! Me acuda! Me tire desse inferno”!
A sua mãe já era falecida.
Muitos
dependentes de cocaína e seus familiares acreditam piamente que os viciados
estão possuídos por um espírito do mal: o diabo. E a explicação tem lógica. O
toxicômano tem semelhança com o endemoninhado.
Outro
sistema para explicar o vício da cocaína é o freudiano: o ego e o superego são
construções do meio social. Sabe-se que o viciado segue caminhos antissociais, ai então esses entes mentais deterioram-se e o id, influenciado pela droga, assume o domínio
total sobre o caráter do indivíduo.http://www.saraiva.com.br/entre-flores-frutas-e-passaros-uma-aventura-no-cerrado-7352406.html
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