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sábado, 21 de março de 2015

MAIS FRAGMENTOS DO LIVRO FRUTAS, FLORES......

Um amigo tem uma interessante formulação para o vício da cocaína: convencionou que nosso entusiasmo com a vida vai de 0 a 100. Normalmente, uma pessoa está no nível 80. Quando ainda iniciante, com uma pequena dose do “pó” consegue 110 de empolgação e quando passa o efeito da droga ele ainda fica no normal. Porém, dependendo da intensidade do consumo e na continuidade, o usuário com a mesma dose já não alcança a animação máxima e na ressaca baixa o nível para menos. Quanto mais se aumenta a dosagem para conseguir aquela satisfação antiga,  o nível de felicidade  diminui na abstinência. A decadência física e moral são, na maioria dos casos, irreversíveis. Quando o grau  está na casa dos 20, o viciado não toma nem banho. No último estágio do vício, a cocaína já não faz quase efeito. E  na procura de alcançar alguma sensação,  a dosagem é aumentada sem se importar com risco de vida. Outro amigo que foi protagonista do drama, hoje abstêmio, me contou que durante essa fase final, o único alívio era o desespero verbal e ao meio de um desvairado choro ele gritava: “mãe! Por favor! Me acuda! Me tire desse inferno”! A sua mãe já era falecida.
 Muitos dependentes de cocaína e seus familiares acreditam piamente que os viciados estão possuídos por um espírito do mal: o diabo. E a explicação tem lógica. O toxicômano tem semelhança com o endemoninhado.
              Outro sistema para explicar o vício da cocaína é o freudiano: o ego e o superego são construções do meio social. Sabe-se que o viciado segue caminhos antissociais, ai então esses entes mentais deterioram-se e o id, influenciado pela droga, assume o domínio total  sobre o caráter do indivíduo.

http://www.saraiva.com.br/entre-flores-frutas-e-passaros-uma-aventura-no-cerrado-7352406.html

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